sábado, 23 de julho de 2011

Ecrevendo um Livro, continuação do capitulo 1.



         Eu como muitas crianças curiosas fui fazendo aquelas velhas perguntas que todas as crianças perguntam para os seus pais, ‘e como a senhora conheceu meu pai?’; acho que a única pergunta que nunca fiz a minha mãe foi sobre como eu vim ao mundo, não sei como mais eu já sabia como as pessoas vem ao mundo. Então eu poupei ela de me responder isso e os meus ouvidos das longas historias dela, posso até imaginar o que ela responderia ‘bixa, o babado é o seguinte, tudo começa assim’ ia levantar as sobrancelhas e os olhos, balançaria a cabeça dela como so ela fazia e ia me enrolar ao maximo até achar uma boa forma de me responder e terminaria me respondendo de uma forma suave.
       Então ela começou a me contar como tudo começou, com relação a minha vida. Ela começou a falar que sempre gostou muito de viajar e que desde os dezessete anos dela ela gostava de ir para Jericoacoara, que era o refugio dela, mas que também ia muito para o Belém do Pará, cidade onde uma parte da nossa família vive. E foi la na praça da Republica em Belém do Pará que minha mãe conheceu meu pai, e ai ela começou:      
            ‘Mulher eu tinha ido na praça pra jantar e todos os restaurantes e bares estavam lotados, ai eu achei uma mesa, me sentei e pedi um caldo, quando eu menos espero tinha um lourão do meu lado todo cheio de sotaque perguntando se podia sentar na mesa que eu tava, ai tu sabe como eu sou ne, olhei pra ele com aquele olhar que tu já sabe qual é, é aquele olhar que todo Silveira tem e disse que ele podia sentar, ele ficou puxando papo e eu sem ta afim, ai agente foi se conhecendo, passamos um ano namorando a distância, ele la na Suíça e eu aqui no Brasil, so trocando carta, mulher tu precisava ver as cartas que ele me mandava, toda enfeitada, cheia de adesivos, umas coisas tão lindas que agente se apaixonava so de ver as cartas! Infelizmente com tantas mudanças eu não tenho mais nenhuma carta, mais tu precisava ver elas pra não dizer que eu to mentindo, ai teve uma vez que ele me mandou uma carta com a passagem pra eu ir pra la, eu fiquei doidinha pra ir, so que eu precisava de uma autorização da minha mãe e do meu pai pra poder viajar pra la, porque na época se a pessoa tivesse menos de 21 anos de idade era considerado de menor então pra viajar eu tinha que ter a autorização deles para viajar.
               Meu pai não queria que eu fosse e até me ofereceu um emprego na Justiça Federal, mais eu não aceitei, porque eu queria ir pra Suíça então eles me deram a autorização e eu fui pra Suíça, mais antes eu dei a guarda da Camila para a mamãe, porque não fazia muito tempo que tinha acontecido um acidente de avião na serra de Aratanha e tinha morrido muitos familiares de amigos meus e eu fiquei com medo de que acontecesse um novo acidente, então dei a guarda da Camila pra minha mãe e também o teu pai não sabia que eu já tinha a Camila e eu fiquei com medo de contar da tua irmã pra ele e ele não me querer mais. A Camila já devia ter 1 ano de idade, mais eu tinha medo de acontecer um acidente de avião e por isso eu a deixei aqui e fui pra Suíça nos meados do ano de 87 ou foi 88. Ainda lembro da primeira vez que eu vi a neve, foi fantástico coisa de outro mundo tirei até uma foto, a Suíça é tão linda cada cidade tem um castelo, agente se sente num conto de fadas, é lindo de mais. Agente morava juntos num apartamento, eu trabalhei numa creperia e também trabalhei num hospital como enfermeira cuidando de pessoas idosas, teve uma vez que ate me chamaram pra ser enfermeira da Cruz Vermelha mais eu não quis tinha medo de um dia eles me mandarem pra alguma guerra, ai eu engravidei de ti e o teu pai ficava dizendo que tu era filha de africano, que não era filha dele, ele não acreditava que eu estava grávida dele, so que eu so tinha relações sexuais com ele e ele me pegava quase toda noite viu, ele dizia isso por causa dos amigos amigos drogado dele que ficavam colocando coisas na cabeça dele dizendo que não se podia confiar nas brasileiras, porque naquela época já existia preconceito com as brasileiras e também porque eu tinha amigos de varias partes do mundo inclusive africanos, mais tu sabe ne, que eu não tenho coragem de ficar com um negão (risos).
        Olha eu ficava tão chateado com essas desconfianças dele, eu so fazia sexo com ele, como ele podia desconfiar, em uma de nossas brigas eu lembro me lembro bem:
- esse filho não é meu, so pode ser de um africano eu tenho certeza.
- É né, é o que tu acredita? Tu prefere acreditar nesses teus amigos vagabundos do que na tua mulher. Olha Phillipe eu tenho família viu, não sou nenhuma vagabunda não, meu pai é da Justiça Federal Brasileira e a Minha mãe trabalha no MEC, a favor da educação. Eu deixei toda a minha família no Brasil pra vim pra cá porque eu te amo, meu pai me ofereceu um emprego federal so pra eu não vim pra Suíça , mais eu não aceitei, preferi vim pra cá e tu vem me desconfiar de mim? Me dizer que esse bebê não é teu! Pois quando ela nascer, ela vai nascer a tua cara! E ai eu vou calar a tua boca, a da tua mãe e a desses teu amiguinhos ai viu!



Ps: espero que gostem do livro, aceito sugestões e apoios, muito obrigado a todos!

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